Autora: Mariló T.A.
Traduzido por: Rafael Barros
Se existisse um símbolo de Tiahuanaco, esse viria a ser sua famosa e impactante Porta do Sol. Pensa-se que essa gigantesca porta formava parte de uma estrutura maior e talvez se tratasse da porta de entrada ao complexo de Puma Punku, fora do centro urbano. A rachadura que pode se observar em seu lado superior direito, se supõe que foi obra de um raio. No entanto, as lendas contam que foi obra dos gigantes criados pelo deus branco e barbudo Viracocha e que teria construído Tiahuanaco em um só dia. Esses gigantes, ao colocar a Porta do Sol em sua localização atual, e haviam deixar cair do nada e dali que se quebrasse. A Porta do Sol é um dos muitos monumentos que os habitantes da cidade deixaram inacabados como se tivesse desaparecido do nada, sem saber porque e sem uma razão concreta para ele. Talhada em um único bloco de andesito, conta em sua parte superior com um grande relevo do “Deus dos cajados” deus que havia surgida das águas do Lago Titicaca para criar o homem, o Sol a Lua e todas as coisas para desaparecer logo no mar, convertido em um ancião barbudo. Um deus que bem poderia se tratar de um antecessor do posterior Viracocha inca. A Porta do Sol segundo datações, foi esculpida no século X, mede 3×3 metros e pesa por volta de 10 toneladas. Também existe uma Porta da Lua em Tiahuanaco. Menor que a do Sol, mede 2,23 metros e da mesma forma, foi talhada de um único bloco de andesito.

Entre todas as construções localizadas no centro urbano destacam outras três de forma especial: Akapana, o Templo Semisubterrâneo e Kalasasaya.
Akapana é uma grande pirâmide, composta por sete terraços escalonados, que mede 18 metros de altura. Nela chamam imensamente a atenção os cortes retilíneos dos blocos que a formam. Em sua parte superior, se localizava um pequeno templo. Em 1989, descobriu-se em seu interior uma fossa comum com restos humanos com claros indícios de ter havido cortes, juntados com restos de animais. Os arqueólogos, com continuam incansáveis, estudando os mistérios da cidade, pensam que talvez se trata de uma clara prova da existência de sacrifícios humanos realizados por sacerdotes.
O conhecido como Templo Semisubterrâneo, descoberto na década de 1960, foi batizada com tal nome por se encontrar 2 metros por baixo do nível do resto de obras arquitetônicas de Tiahuanaco. Outro dos possíveis símbolos da cidade poderia ser seus murros interiores. Decorados com 175 cabeças. Cabeças de pedras pertencentes a etnias diferentes que mostram claras características asiáticas, caucasianos ou negroide. Essas cabeças, todas diferentes, confirmam outros dos grandes enigmas que fecha a cidade: como explicarmos a existência de cabeças esculpidas há mais de 1000 anos, com traços assim no continente americano? Como moviam e manipulavam blocos de tal tamanho e peso das pedreiras, a muitos quilômetros de distância, se nem sequer contavam com uma vegetação que os pudesse produzir de grossos e grandes troncos que os fizessem de rodas para os arrastar.

Kalasasaya ou Templo das Pedras Paradas, se estende ao longo de dois hectares. Era uma espécie de observatório astronômico onde observavam as trocas de estação e calculavam seu ano solar de 365 dias. Também determinavam nos equinócios, altura nas que o sol nascente introduzia seus raios pelo mesmo centro da porta principal do templo. Pelo contrário, durante o solstício de inverno se introduzia pelo ângulo nordeste de um de seus murros e no de varão fazia o mesmo pelo lado sudeste do mesmo murro.
Afastar-nos do centro da cidade, a uns 500 metros, se encontram as ruinas do complexo Puma Punku ou Porta do Puma. Uma estrutura formada por três grandes plataformas sobrepostas na forma de pirâmide escalonada e onde se levantam colossais blocos de andesito mostrando perfeitos ângulos retos e precisos orifícios circulares. Entre tais blocos destacam os denominados “blocos H”, porque, precisamente tem forma de “H” e que pareciam as peças de jogo de crianças gigantes, todas iguais, esperando ser colocadas.
Hipóteses e suposições
Sua história e suas origens continuam sendo um mistério. Muito pouco se conseguiu contrastar sobre seus habitantes, mas se contarmos que alguns aventureiros espanhóis enviados pelo Rei Carlos I no século XVI, encontraram essa cidade, abandonada quase de tudo por índios que viviam na área. Quando descobriram que Tiahuanaco há havia sido destruída quando os incas chegaram a ela, uns cem anos antes, trataram de investigar sua origem. Mas quando o espanhol Pedro Cieza de León perguntou aos aymara se Tiahuanaco foi construída pelos incas, esse se riram e afirmaram que o que podia observar havia “ocorrida subitamente no curso de uma só noite”, realizado por uns seres gigantescos em épocas anteriores ao grande dilúvio. Para os incas, Tiahuanaco era uma cidade sagrada até a que se aproximavam para realizar oferendas religiosas.

São incontáveis as hipóteses, opiniões e discussões surgidas ao longo dos últimos 500 anos, quanto das origens de Tiahuanaco. Assim o cronista Bernabé Cobo, narra que os habitantes da área o contaram uma história que afirmava que os pesados blocos de pedra eram transportados pelo ar ao som de um trombeta. Por sua vez, Percy Harrison Fawcett, sócio da Royal Geographical Society de Londres escrevei que os tiahuanacotas conheciam os segredos de uma planta que crescia nas selvas amazônicas, cuja seiva tinha o poder de transpirar a rocha dura até a transformar numa pasta maleável sobre a que possa trabalhar facilmente. O escritor francês Robert Charroux, afirmava que os escritos pictográficos de Tiahuanaco relatam que na era das antes gigantes uns seres humanos, muito evoluídos, com dedos colados e com sangue diferente à nossa, vindos de outro planeta, encontraram do proveito o lago mais alto da Terra. Além disso, descrevia na mulher que chegou a Tiahuanaco em uma nave:
“Desceu uma mulher que se parecia as mulheres atuais dos pés aos peitos, mas tinha a cabeça na forma de cone, grandes orelhas e mãos palmadas de quatro dedos. Seu nome era ‘Orejona’ e vinha do Planeta Vênus, aonde a atmosfera é mais ou menos análoga à da Terra […]. Um dia, comprida sua missão de formar uma nova raça, Orejona voltou a realizar voo em sua aeronave”.
Por outro lado, em sua obra “Tiahuanaco, Cuna del Hombre Americano”, Posnansky afirma ter encontrado um fóssil de um crânio a uma profundidade de quatro metros, na pirâmide de Akapana, junto a restos de ossos de espécies de animais extintas. O pesquisador Guillermo Lange contribui, posteriormente, que peritos determinaram que esses restos pertenciam a espécie do Toxodón, o qual viveu no Plioceno, há 25 milhões de anos, na Era Cenozoica, no meio de um clima ameno de abundante vegetação. Embora a espécie do Toxodón se acredita desaparecida da área andina deste há mais de 12.000 ano, a mesmo se encontra representada em diversas figuras tiahuanacotas.
Além disso, resulta necessário recordar as abundantes referências a cidades submergidas no fundo do Lago Titicaca próximo de Tiahuanaco e tão intimamente conectado com a cidade. São diversas as expedições que afirma ter encontrados restos subaquáticos no lago. Assim a partir de 1956, o americano William Mardoff descreveu detalhadamente, uma titânica cidade submergida e coberta por algas e lodo. Do mesmo modo, a expedição liderada por Ramón Avellaneda, em 1968 conter ter achado enormes pedras monolíticas, embalsamadas entre si formando muralhas e caminhos pavimentados com enormes lajes.

Na atualidade, especialistas das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) se encontram recorrendo Tiahuanaco e as comunidades da zona para informar e difundir o Projeto de Preservação e Conservação das antigas ruinas tiahuanacotas e a Pirâmide de Akapana. A intenção é que possam sentar umas bases para a conservação do local, assegurando sua preservação a longo prazo.
Tiahuanaco, uma cidade e uma civilização repletas de mistérios e perguntas que sequem sem se resolver nem ser respondidas. Uma cidade construída em distintas fases, porém não sabemos a ordem cronológica de seus edifícios. Construções a base de enormes e pesadíssimos blocos de pedra. Verdadeiros tesouros megalíticos que, além disso, destacam pela suma perfeição de seus cortes retilíneos. Quem eram realmente os tiahuanacotas? Como construíram esses templos, que ainda hoje nos assombram. Para que fim utilizavam esses blocos de tantas toneladas de pesos por dois mil anos/ Como transportavam tais blocos? Como os içaram e colocavam? Como planejaram uma cidade tão bem planejada. Como conseguiram esculpir cantos e orifícios circulares perfeitos, ângulos precisos e cortes lisos, sem estrias nem sinais de ferramentas. Quem o sucedeu a Tiahuanaco perante o ano 1100. Por que desapareceu. Conseguiremos algum dia as respostas a todas, ou ao menos algumas dessas respostas.
Leia Parte I
Um comentário em “A Misteriosa Tiahuanaco: Uma cidade construída por gigantes – Parte II”