O temido Enlil: Senhor do vento e das tempestades da mitologia suméria

Autor: Redação CODIGO OCULTO                  Traduzido por: Rafael Barros

A mitologia suméria é sem dúvida, uma das mais antigas, apaixonantes e misteriosas do mundo. Tal era a sua importância que influenciou toda a mitologia mesopotâmica, sobrevivendo nos mitos e crenças dos Hurritas, Acádios, Babilônios, Assírios, e outras civilizações. De fato os deuses sumérios, acádios e babilônios eram os mesmos, a exceção do supremo desses últimos. Dentro todos eles, um dos mais destacados foi Enlil, deus do céu, vento, das tempestades e a respiração.

Os sumérios imaginavam o universo como uma cúpula fechada rodeada por um mar de água salgada. Abaixo da crosta terrestre, que formava a base da cúpula, existia um submundo e um oceano de água doce chamado Kur. O céu da cúpula era governado pelo deus An e a terra, por sua vez, por ki. Enlil, era filho de An e de Ki, a quem separou ao nascer, provocando com ele a separação física do céu e a terra.

Enlil nos mitos sumérios e acádios

Enlil

Enlil, Anu e Enki foram a trindade suprema do panteão sumério. Enlil que aparece protagonizando numerosos relatos mitológicos, era de caráter volátil: sentia e atuava. Acima de tudo, ele agia no âmbito da criação, sendo ainda, o guardião das Tábuas do Destino, onde foram decretados os destinos de tudo o que existe. Dessa forma, o poema sumério conhecido como Criación de la Azada diz como, após separar o céu da terra, Enlil criou a enxada, golpeou o solo com ela e da fenda aberta na terra brotaram os homens.

Posteriormente, os acádios, em seu Poema de Atrahasis, narram como Enlil tentou destruir a humanidade em três oportunidades distintas, incomodado pelos seus hábitos barulhentos. Na última tentativa Enlil arrasa a Terra com um dilúvio, mas a humanidade consegue se salvar graças à intervenção do meio-irmão de Enlil, Enki, que ordena ao herói Atrahasis a construção de um barco enorme no que deverá carregar sementes e animais. É então que Enlil inunda a Terra abrindo as comportas do céu. Mas os demais deuses repreendem Enlil, já que necessitavam dos sacrifícios e oferendas realizadas pelos humanos para se alimentar. Quando as águas se vão, Atrahasis oferece um novo sacrifício aos deuses, que os recebem famintos. Finalmente, Enki solicita a deusa mão a criação de novos seres humanos.

Tabuleta cuneiforme na que se encontra escrita o Poema de Atrahasis. (Século XVII a. C.) Museu Britânico de Londres, Inglaterra.

Enlil tinha além disso uma esposa: Ninlil, A Senhora do Ar. Mas também apreciou da presença de várias concubinas assim como de outros casais ocasionais. Sua relação com Ninlil foram objeto de um conto mitológico romanceado: o Mito de Enlil e Ninlil. Segundo esse conto, Enlil passou por uma temporada no submundo, fecundou em Ninlil em várias ocasiões, um tanto pitoresca e sob diversas aparências, gerando primeiro a Deusa Nanna (A Lua), e, em seguida, Meslamta e a Ninazu, outras duas divindades que substituiriam seu pai no submundo.

Etimologia e origens do nome Enlil

Os especialistas têm proposto duas possíveis origens para o nome Enlil:

Uma primeira opção defende que provêm do sumério (EN.LÍL, de EN = “Senhora da Tempestade” ou “Senhor do vento” ou “deus do vento”. No entanto, essa etimologia tem apresentado um dos mais sérios quebra-cabeças teutônico sumério, já que nesse caso «ar» entendera-se como uma realidade cosmológica e não diretamente atmosférica. Portanto, Enlil viria a ser a expressão de pura sutileza, a fôlego a ser respirado, a brisa ao tocar o rosto, o vento ao mover as ramas e o furação ao arrancar as árvores.

A outra opção, muito mais recentre e moderna, indicaria uma imersão da raiz semita il (Deus), a mesma que dá origem aos temos El e Alá, significando assim Senhor Deus.

Figura votiva de um homem em ato de veneração, de 2700 a. C. – 2600 a.C., época em que Enlil era considerado o principal deus. Achada nas ruinas do “templo quadrado” de Eshnunna (atual Tell Asmar); alabastro, conchas, calcário negro e cera. Museu Metropolitano de Arte de Nova York, Estados Unidos.

Simultaneamente, os sumérios relacionavam seu nome com o conceito kur, termo que engloba tanto o significado básico de montanha, como o de país – e, por extensão, país estrangeiro, e inclusive, mundo quente. Enlil é o Vento da Montanha, cujo cume chega ao céu e cujas fundações encontram-se na profundidade brilhante do abismo (sa résásu samámisanna apsu ellim sursudu ussusu). Além disso, sua casa era o é.kur (Casa-Montanha) e sempre se lhe associava com os adjetivos kur.gal (Grande Montanha) e lugal.a.ma.ru (Rei das Tempestades).

O culto a Enlil

O culto a Enlil encontra-se documentado desde o princípio do período dinástico arcaico, por volta do ano 3.000 a.C. é possível que sua origem seja proveniente das regiões montanhosas do norte da Mesopotâmia, onde teria tido a característica própria de um deus do vento e das tempestades: imprevisível e ranzinza, cruel e bondoso, em partes iguais.

Lista de deuses sumérios na escrita cuneiforme. O nome de Enlil aparece em primeiro (começando pelo canto superior direito), e aparece representado pelo símbolo de um disco solar. (Século XXIV a. C.)

À medida que se desce na direção das regiões do sul da Mesopotâmia, pode-se observar que Enlil vai perdendo seus traços criativos e fertilizantes, enquanto por outro lado vai adotando uma posição dominante dentro do panteão mesopotâmico, hegemonia que manteve até a popularização do culto a Ninurta, seu filho primogênito segundo a tradição subsequente.

O principal templo de culto a Enlil se encontrava no E.kur (casa-montanha) de Nippur, antiga cidade suméria cujos primeiros restos datam do V milênio a. C. Tal foi a correspondência e a identificação entre a cidade e seu deus, que na escrita suméria cuneiforme as palavras Nibru (Nippur) e Enlil se escreviam do mesmo jeito. Nippur se manteve como um importante centro religioso durante o período acádio, a segunda dinastia de Lagash, e a terceira dinastia de Ur. Atualmente suas ruinas se encontram a uns 160 km a sudeste de Bagdá, no Iraque.

Fonte: CODIGO OCULTO

Publicado por Rafael Barros

Analista de sistemas apaixonado pelos estudos da teoria dos antigos astronautas e pesquisador da Associação Mato-grossense de Pesquisas Ufológicas e Psíquicas- AMPUP - MT. Administrador e criador da página Ufologia & Cosmos

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