Autor: Mark Andrew Carpenter
Traduzido por: Rafael Barros
Na última década mais ou menos, controversas e especulações tem circulado online em todo o Parque Nacional do Gran Cânion e um artigo da imprensa publicado pelo Gazeta do Arizona em abril de 1909. As manchetes são: “explorações no Gran Cânion / Mistérios da imensa Rich Caverna sendo trazida na luz / JORDANIA ENTUSIASA / Achados notáveis indicam que os povos antigos migraram do Oriente”. A controversa do Gran Cânion é reveladora em muitos sentidos e também inquietantes em outros.
O artigo do Gran Cânion explica que um explorador chamado GE Kincaid havia feito o descobrimento inicial e se lhe uniu ao cientista do Smithsonian SA Jordan para estudar o que se descreveu como um maravilhoso canal labiríntico de tuneis artificiais cheios de tesouros aparentemente orientais de urnas douradas, sofisticadas ferramentas de cobre, antigos artefatos, hieróglifos, restos mumificados e estatuas cujas iconografia se assemelhava às comuns nas culturas hindu e egípcias. “Se suas teorias nascem das placas gravadas com hieróglifos, se resolverá o mistério dos povos pré-históricos da América do Norte, suas antigas artes, quem eram e de onde vieram. Egito, o Nilo, Arizona e Colorado estão unidos por uma cadeia histórica que remonta a épocas que assombravam a fantasia mais selvagem do ficcionista”.
Foi o artigo do Gran Cânion de 1909 uma invenção?
Os escritores, acadêmicos e o Smithsonian céticos de hoje em dia afirma que essa história é simplesmente uma peça de jornalismo amarelo sensacional. Insistem em que é uma pura invenção de cima para baixo que se alimento dos desejos espirituais de um público crédulo e supersticioso. À primeira vista, o artigo parece improvável o melhor dos casos e no pior, uma impressão desonesta de contos fantásticos para gerar ganancias. O autor original do artigo é anônimo, o que prejudica aos campos de crentes e céticos, e nunca houve um artigo de seguimento.
O Smithsonian tem negado publicamente a história por completo (mais de cem anos depois) e tem negado qualquer registro que verifique a existência de Kincaid ou o professor Jordan. “A história afirma que um arqueólogo do Smithsonian chamado SA Jordan voltou com Kincaid para investigar o sitio. No entanto, Arizona Gazette parece ter sido o único jornal que alguma vez publicou a história. Nenhum registro pode confirmar a existência de Kincaid ou Jordan”. Naturalmente, a comunidade academia segue online do partido sem questionar.
Pesquisadores alternativos clamam online, insistindo que se trata e um elaborado encobrimento. Afirmam que existe uma “zona proibida” dentro do Parque Nacional do Gran Cânion que proíbe por completo a qualquer caminhar, acampar ou explorar ali. Também assinalam os curiosos nomes dos pontos de referências nessa área supostamente proibida, e inclusive chegam a sugerir que setores obscuros do Governo Federal monitoram em segredo toda a área.
Nas facções alternativas mais extremistas, isso é somente a ponta do provável iceberg a medida que expandem o alcance para uma completa conspiração de senhores repteis subterrâneos que manipulam a classe elite governante. A posição cética está fortemente fortificada atrás de muros obtusos da autoridade e plausibilidade, facilmente defensível contra um artigo solitário publicado há mais de um século.
O objetivo do pesquisador está justificado em questionar a credibilidade de um jornal e um autor anônimo, mas no contrário da mesma ficha, esse mesmo pesquisador seria ingênuo em aceitar cegamente a narrativa dominante apresentada por uma instituição governamental que absolutamente tem um conflito de interesses com respeito à manipulação da narrativa a história humana. Isso é especialmente certo quando se trata do governo dos Estados Unidos e a elevação das culturas indígenas no começo do século XX.
Então, qual é a realidade, cuja palavra há que crer? Como com qualquer mistério, a chave básica para o desbloquear é o raciocínio objetivo, a suspensão de qualquer noção preconcebida e navegar nos ventos a evidência evitando as rochas e os bancos de areia inevitáveis da tendência de confirmação, a falácia formal e informal.
Os nomes emblemáticos sugerem que há uma verdade maior
É um feito cientifico indiscutível que existe uma grande ocupação de promontórios com nomes curiosos no parque. Os pontos altos se encontram na área do parque Haunted Canyon e Trinity Creek e incluem formações geológicas como os templos de Osíris, Isis, Shiva e Hórus, a Torre e Set e as pirâmides de Ra e Quéops, todas figuras lendárias da antiguidade; Egito e Índia, respectivamente.

Também vale a pena assinalar que segue sendo difícil investigar quem foi responsável e quando exatamente esses pontos de referências receberam esses nomes. No entanto, deve ter ocorrido muito antes da impressão do artigo de 1909 e o suspeito mais provável seria o general John Wesley Powell, quem dirigiu a primeira etapa financiado pelo governo através do Gran Cânion durante sua Expedição Geográfica Powell de 1869. Powell também foi o primeiro diretor do Escritório de Etnologia do Smithsonian, membro fundador da National Geographic Society e membro do Cosmos Club.
Aparentemente, a expedição de Powell experimentou uma serie de desastre e isso resultou na perda muitas de suas anotações, contudo é razoável concluir que foi ele quem deu esses nomes a esses marcos. Certamente, escolhas curiosas.

A Zona Proibida no Gran Cânion e a lei
Parecia que o autor anônimo do artigo de notícias em 1909 decidiu capitalizar esses nomes e os sensacionalizá-los. Mas essa teoria razoável se converte rapidamente em um desafio quando se enfrenta no seguinte passado na investigação que valida a afirmação de que essa mesma seção do parque está proibida para explorar.
Como era de esperar, o documento oficial com respeito às áreas restringidas do parque é longo e doloroso de ler, mas há alguns termos relevantes nele: “as seguintes áreas geográficas e estradas dentro do Parque Nacional do Gran Cânion estão fechadas para uso público ou restringidas por atividades especificas ou tempos específicos para atividades específicas: Hopi Fire Tower and Acsess Road, Maricopa Point Endangered Plant Area, Hopi Salt Mines, que se estende desde a milha 62 do rio até a milha 62,5 do rio no lado sudeste do rio Colorado (precisamente onde se menciona anteriormente pontos de referência), a mina Hance ao sul de Hance Rapid, Fumace Flats desde 71.0 até a milha 71.3 no lado norte do rio Colorado e a ponte Anasazi”.
É importante ter em conta que essas “minas” não são operações minerais ativas e é possível que nunca tenham sido minas em absoluto, mas, de fato, são tunes antigos feitos pelo homem, supostamente feitos pelo Hopi como seus nomes sugerem e isso é de por si interessante. O texto monótono continua ordenando discretamente que ninguém se lhe permita entrar em nenhuma caverna ou “mina” no parque em nenhum momento nunca, sem uma permissão que nunca concederá. “Além disso, as características antropogênicas artificiais (em outras palavras, obras de mineração) que compreendem uma zona de penumbra e uma zona de escuridão eterna serão manejadas como cavernas… ‘segundo a (Lei Federal de Proteção de Recursos de Cavernas de 1988) ’ Permissões requeridos para cumprir com essa seção se pode solicitar ou obter a Oficina de Permissões de Travessia”.
Como se essas áreas restringidas não fossem o suficientemente suspeitas, em 1987 se aprovou uma legislação que restringe o espaço área sobre o cânion junto com somente outros dois Parques Nacionais, Yosemite e Haleakala, supostamente para “proporcionar uma restauração substancial da tranquilidade natural e a experiência do parque e proteção da saúde e segurança pública dos efeitos adversos associados com o sobrevoo de aeronaves”.
De que diabos estão falando aqui? Restauração da tranquilidade natural, a experiência do parque a proteção da sua e a segurança pública. Como um avião que voa milhares de pés sobre o cânon tem efeitos adversos na saudade e segurança pública? E se o ruído é um problema legitimo (duvidoso), porque não os preocupa a contaminação acústica nos outros quatrocentos e dezoito parques nacionais, somente nesses três? Esses três parques também outros elementos em comum. Todos são sítios de turbulência geológica primordial, restos vulcânicos, depósitos de terra karstica, vasto sistemas de cavernas inexploradas e traições nativas que giram em torno a raças perdidas de hominídeos, semideuses, e divindades responsáveis da criação.

Outros mistérios perto da zona proibida do Gran Cânion
Há alguma outra evidência de alguma cultura aborígene ou perdida na área imediata? De fato, está dos anasazi cujo nome se traduz como “os antigos” ou “os antigos inimigos”. Eram um povo extremamente misterioso que se estendia por todo o sudoeste e eram responsáveis das muitas estranhas estruturas de pedra que sujam a paisagem e confundem às autoridades.
Sítios coo Mesa Verde, Four Corners, Mummy Cave, Chaco Canyon, Stanton’s Cave e o Monumento Nacional Canyons of the Ancients foram abandonados quando chegaram os europeus, deixando atrás somente ruinas desconcertantes de alvenaria mestre muitas vezes alinhadas com eventos solares e lunares e abandonado com estranhas torres e espaços sagrados subterrâneos conhecidos como kivas.
Os acadêmicos modernos creem que essas pessoas eram somente outra tribo de nativos americanos que simplesmente se assimilaram aos chamados povos modernos e essa é a explicação de seu desaparecimento. No entanto, as tradições orais navajo, paiute e hopi coincidem universalmente em que a região estava habitada por um povo genético e culturalmente distinto, vicioso e canibal antes de sua chegada e esses antigos inimigos finalmente foram expulsos ou extintos, ainda que em certo grau de assimilação, muito provavelmente ocorreu. Se bem vale a pena investigar todos os sítios antes mencionados em relação com esse mistério, talvez os dois mais intrigantes são Stanton’s Cave e Mummy Cave.
Stanton’s Cave encontra-se próximo da praia para acampar de South Cânion, próximo, mas não dentro da zona proibida. As autoridades creiam originalmente que essa “caverna” era artificial e atualmente está selada com barras de metal para evitar a entrada. Segundo o letreiro, isso e pela segurança das pessoas e para proteger um habitat de morcegos em perigo de extinção. O teto da cavidade está claramente arqueado e não se assemelha a uma característica natural. Também se sabe que essa cavidade esteve habitada no passado distante e que muitos artefatos preciosos foram removidos durante uma escavação oficial em 1969-1970 d.C.

A Caverna da Múmia, localizada no Monumento Nacional Cânion de Chelly (e que não deve se confundir com o sitio da Caverna da Múmia em Wyoming), está a poucas horas ao nordeste de carro desde o Gran Cânion. Essa estranha e fascinante ruina antiga é enorme e muito estranha: “entre os descobrimentos não se tem encontrado ossos de animais, nem pele, nem roupa, nem lençóis. Muitas das habitações estão vazias exceto para recipientes de água. Uma habitação, de uns 12 por 213 metros [40 por 700 pés], era provavelmente o corredor principal, onde se encontraram utensílios de cozinha. De que viviam essas pessoas é um problema, embora se presume que chegara ao sul no inverno e cultivaram nos vales, voltando ao norte no verão. Mais de 50.000 pessoas poderia ter vivido confortavelmente nas cavernas. Uma teoria é que as tribos atuais que encontram no Arizona são descendentes dos servos ou escravos das pessoas que habitavam a caverna. Sem dúvida, muitos milhares de anos da era cristã, vivia aqui um povo que alcançou uma etapa superior de civilização”.
Essa teoria encaixa bem com as tradições dos nativos americanos que caracterizam aos anasazi como “antigos inimigos”, há evidencia indiscutível de que essas pessoas habitaram a região muito antes que as tribos atuais e que teve eventos sinistros nesses sítios. Por exemplo, ainda que não se encontraram ossadas ou peles de animais, o que se encontraram foram restos humanos. Os restos humanos por si mesmo não são surpreendentes, mas a forma em que foram descobertos é bastante sinistra. A uma distância da Mummy Cave se encontra Big Cabe, que se encontra em uma subseção do Cânion de Chelly conhecido como Cânion do Morto (o cânion os mortos). “Os restos de 14 bebês encontraram-se numa cesta revestida de placas que se utilizou anteriormente como recipiente de armazenamento. Sob os bebês estavam os corpos de outras quatro crianças encapadas em uma cesta enorme.

Legados e mentirosos
De fato, o professor David Starr Jordan esteve estreitamente afiliado à instituição Smithsonian durante trinta anos, desde a década de 1880 até 1910, que incluíram expedições ictiológicas pelo rio Colorado e o Gran Cânion. Segundo os primeiros registros do censo, Starr não era seu segundo nome e não se converteu em jurídico até mais tarde na vida quando o selecionou.
Jordan desempenhou-se como presidente da Universidade de Stanford e era um fervente crente na eugenia. A primitiva pseudociência e a paranoia xenofóbica de Jordan o levaram a escrever um estudo em 1899 “Um estudo da decadência das raças através da sobrevivência dos não aptos” no que ilustrou sua irracionalidade com respeito à “degeneração racional” e implorou a realização de grandes esforços pensados para manter “unidade racional”.
Mais tarde, foi Jordan que dirigiu um programa de esterilização a nível nacional, que foi claramente um crime contra a humanidade. Em 2003, muitos edifícios na Califórnia foram limpos vergonhosamente de seu nome e a legislatura da Califórnia unicamente “expressou seu profundo pesar pelo papel passado do estado no movimento eugênico”. Na luz de tudo isso, não é de estranhar que o Smithsonian o teria encarregado no passado distorcer a narrativa histórica o que agora busque se distanciar dele.

Através do espelho
Com base na evidencia fatídica, se pode determinar objetivamente que o Smithsonian tem sido menos do que comunicativo sobre sua afiliação com Jordan, seções do parque estão suspeitamente fora dos limites, e essa zona proibida contém nomes egípcios e hindus, assim como antigas câmaras artificiais. Parece que a propaganda imperialista do começo do século XX relacionada com a expansão para o oeste e conceitos frágeis como o destino manifesto, prevaleceram num esforço de degradar a história dos povos indígenas ou talvez para racionalizar e manter um paradigma darwinista.
Evidentemente, existe outra chave para decifrar esse mistério: a investigação de campo. As restrições legais dentro da zona proibida e as cavidades fazem exceções no caso de sobrevivência e angustia. Então, com isso e o espirito de exploração na mente, o poema de Kipling The Explorer proporciona uma inspiração adequada. “Uma voz, tão mal como a consciência, troca de sonhos intermináveis. Em um Sussurro de dia e noite eterno repetiu-se assim: ‘Algo escondido. Vem e busca-o. Vá e olha atrás dos intervalos. Algo perdido por trás dos intervalos. Perdido e o esperando. Vamos”’
Imagem de primeira página: Uma tempestade no Gran Cânion. Fonte: Lauren / Adobe Stock
Fonte: Ancient Origins ES