Autor: Mark Andrew Carpenter
Traduzido por: Rafael Barros
Desde as arenas oásis do berço bíblico da Mesopotâmia até o vale vulcânico do México, as pirâmides paralelas e os mitos refletidos têm pendurado ao longo dos séculos. Isoladas uma das outras por vastos oceanos e desertos do tempo, as diversas culturas têm incorporado histórias análogas a sua mitologia, construindo estruturas, como a Torre de Babel ou a Pirâmide de Cholula, que são surpreendentemente similares apesar de estarem localizadas em diferentes regiões do mundo.
São abundantes as histórias de zigurates construídos por diferentes culturas, inclusive se poderia chamarias torres gêmeas, desafiando as narrativas convencionais da história humana. Esses contos possuem vários componentes em comum: divindades ofendidas, a multiplicação de idiomas, um diluvio global e estruturas antigas irritantes. Todos esses aspectos são entrelaçados, como se fossem peças de um grande quebra-cabeça global esperando para ser decifrado.
A mitologia não deve aceitar-se cegamente por seu valor nominal (muito obrigado Dr. Jones), mas por outro lado, descartar instantaneamente a mitologia como ficção antiga é um racionamento igualmente defeituoso. O primeiro resulta em superstição, o segundo produz ignorância. Alguns dos eruditos mais reconhecido sobre o tema da mitologia comparada, como Carl Jung e Joseph Campbell, teorizam que os paralelos mitológicos generalizados entre as culturas separadas podem se explicar mediante a formação de arquétipos básicos evocados do caldeirão do subconsciente humano coletivo. Se bem sua experiência e a essência desse conceito estão sem dúvida, alguns mitos são tão específicos, tão universais e logo parecem irritados com estruturas misteriosas, que desafiam esse conceito.

A torre bíblica de Babel
O mais conhecido de todos esses relatos é o relato bíblico a Torre de Babel que se encontra no Livro do Genesis, capitulo onze, versículos um ao nove. Essa narrativa basicamente estabelece que as gerações que seguiram a um cataclismo global pelo diluvio uniram-se em um só idioma. Migraram ao oeste de Shinar (Suméria ou o atual Iraque) e estavam decididos a construir uma grande cidade, com uma torre.
Há uma curiosa indicação de que, de alguma maneira, essa torre lhes daria poder e evitaria qualquer aniquilação futura. Além disso, esse projeto se vê como uma afronta à divindade suprema. Para combater esse esforço, a divindade interveio confundindo a linguagem que os unia, prejudicando assim o projeto e provocando que a população se espalhe por todo o planeta.
Posições acadêmicas sobre a narrativa bíblica
Autores e eruditos que vão desde a antiguidade até o presente tem realizado uma variedade de observações e interpretações notáveis com respeito a esse relato. Josefo, por exemplo, escreveu que um aspecto chave da história é a arrogância do governante tirano que encomendou a construção a quem o texto bíblico nomeia Nimrod. Outra interpretação é que se trata mais de um mito etiológico (um mito que explica a origem de algo desconhecido) que proporciona uma explicação da origem de diferentes línguas e culturas.
Talvez as observações acadêmicas de maior magnitude são as tentativas de identificar a estrutura em questão a associando com os misteriosos zigurates da antiga Babilônia e Suméria. Isso é bastante logico devido ao fato de que as cidades mencionadas nos textos têm uma base histórica, de fato, se diz que foram fundadas por esse governante nos textos e vem completas com estruturas enigmáticas em zigurate ou torres, com seu ponto focal. O consenso extremamente vago entre os eruditos modernos identifica essa torre com o Zigurate da Etermenanki na Babilônia que foi algo restaurado por Nabocodonosor II e finalmente destruído numa intenção de restauração por Alexandre o Grande.

O que é exatamente um zigurate?
Um zigurate é uma enorme e antiga estrutura composta de camadas de pedras em terraços que atingiam a grandes alturas empilhando plataformas elevadas uma em cima da outra e se subiam fisicamente por rampas em espiral. Esses foram construídos pelos elamitas, os elbaitas, os acádios, os sumérios e os babilônios, que datam do sexto milênio antes de Cristo.
O zigurate não se utilizou para o culto comunitário, sendo que que se creia que era o local de residência literal de uma divindade à que estava dedicado. A presença humana no zigurate estava restrita a um sacerdote da elite e um pequeno contingente de guardas armados. Segundo Heródoto, em cima do zigurate havia um templo que abrigava um pequeno santuário e nesse santuário, as oferendas as fazia exclusivamente o sumo sacerdote, quem também realizava outros rituais secretos.
O Zigurate de Etemenanki
Na década de 1880, descobriram-se cilindros de fundação com inscrições neobabilônicas que narravam o esforço de restauração do rei. Lê-se:
“Nesse momento, meu sonhor Marduk me disse com respeito a Etemenaki, o zigurate da Babilônia, que antes de meu dia estava (já) muito fraco e mal apertado, que apoiava sua fundação no peito do submundo, para fazer seu topo compete com os céus. Fez enxadas, pás e moldes para ladrilhos com marfim, ébano e madeira de musukkannu, e os colocou em mãos de uma vasta mão-de-obra procedente de minha terra. Lhes pedi que formassem inumeráveis ladrilhos de barro e que modelaram ladrilhos assados como inumeráveis gotas de chuva. Fiz que o rio Arahtu tivesse asfalto e polimento como um grande inundação. Através da perspicácia de Ea, através da inteligência de Marduk, através da sabedoria de Nabú e Nissaba, através da vasta mente que o deus que me criou me permitiu possuir, deliberei com meu grande intelecto, encarreguei aos especialistas mais sábios e o topografo estabeleceu as dimensões com a regra dos doze códex. Os mestres de obras contraíram os cordões da medição. Determinaram os limites. Busquei a confirmação consultando a samas, Adad e Marduk, e, cada vez que minha mente deliberava (e) ponderavam (inseguro de) das dimensões, os grandes deuses me davam a conhecer (a verdade) mediante ao procedimento da confirmação (oracular) Através da arte do exorcismo, a sabedoria de Ea e Marduk, purifiquei esse local e fiz firma a plataforma de seus cimentos sobre sua antiga base. Em seus cimentos coloquei ouro, prata, pedras preciosas da montanha e do mar. Debaixo do ladrilho coloquei montes de sapsu brilhante, azeite de aroma doce, aromáticos e terra vermelha. Fiz representações de minha semelhança real com uma cesta de terra e as coloquei de diversas maneiras na plataforma dos cimentos”.

Relato de Heródoto do mesmo zigurate babilônico
Antes do descobrimento dessa inscrição real na década de 1880, a única outra descrição desse zigurate particular provem de Heródoto, quem o descreveu nos seus escritos de meados do século V a. C, escreveu:
“O centro de cada divisão da cidade estava ocupado por uma fortaleza. Em um estava o palácio dos reis, rodeado por uma muralha de grande poder e tamanho; no outo estava o recinto sagrado de Júpiter [Zeus] Belus, um recinto quadrado de dois estádios [402 m / 1319 pés] em cada sentido, com portas de letão maciço, que também ficava no meu tempo. No meio do recinto havia uma torre de alvenaria solida, de um estádio [201 m / 659 pés] de comprimento e largura, sobre a qual se levantava uma segunda torre, e sobre ela uma terceira, e assim sucessivamente até oito. A subida ao topo é pelo exterior, por um caminho que serpenteia por todas as todas. Quando um está na metade do caminho, encontra um lugar de descanso e assentos, onde as pessoas podem se sentar durante algum tempo em seu caminho ao topo. Na torre mais alta há um templo espaçoso, e dentro do templo há um divã de tamanho incomum, ricamente enfeitado, com uma mesa dourada a seu lado. Não há estatua de nenhum tipo no local, nem a câmara está ocupado pelas noites por uma só mulher nativa, quem, como afirmam os caldeus [os babilônios], os sacerdotes desse deus, é eleito para o mesmo pela divindade de todas as mulheres da terra”.

Enmerkar e o senhor de Arratta
Há muitos mitos sumérios extremadamente antigos que são anteriores as narrações bíblicas. Sem dúvida, são seus precursores, especialmente porque a narrativa bíblica em si mesma enfatiza o papel da figura patriarcal Abraão, cujo pai se dizia um status significativo em uma dessa mesmas cidades. Entre essas narrações precursoras, encontra-se uma que é sem dúvida a versão original da história bíblica da torre a confusão de idiomas.
A história se titula Enmerkar e o senhor de Arratta. Ainda que faltam algumas linhas do texto o núcleo da história é que sua divindade protetora o disse a um rei chamado Enmerkar que subjugue a um reino vizinho e exija enormes quantidades de tributos minerais para se embarcar na futura construção de mais habitações e santuários zigurate para as divindades. O rei rival se nega a se submeter, e Enmerkar (ajudado pelas divindades) conquista ao rei rival e invoca-se à divindade Enki/Ea para confundir a linguagem unida.
Isso configura uma cadeia de eventos que resulta na dispersão da população que agora fala uma variedade de idiomas. O encantamento que invoca a Enki diz:
“Enki, o senhor da abundância e das decisões firmes, o sábio e senhor conhecedor da terra, o especialista dos deuses, eleito pela sabedoria, o senhor de Eridu, trocará a fala em suas bocas, quantos tiver posto ali, pelo que o discurso da humanidade é verdadeiramente um”.

Existem muitos outros mitos paralelos no mundo todo
Existem mitos paralelos similares em todo o mundo. Os nativos americanos Cherokee tinham uma tradição oral que contém muitos elementos que são similares ao mito sumério.
“Quando vivíamos mais além das grandes águas, havia doze clãs pertencentes à tribo Cherokee. E no velho país no que vivíamos, o país sofreu grandes inundações. Assim quem com o passar do tempo, celebremos um conselho e decidimos construir um entreposto que chegasse ao céu. Os Cherokee disseram que quando se construísse a casa e viessem as inundações, a tribo simplesmente deixaria a terra e iria ao céu. E começamos a construir uma grande estrutura, e quando se elevava fazia um dos céus mais altos, as grandes potencias destruíram o ápice, reduzindo-o aproximadamente à metade de sua altura. Mas como a tribo estava totalmente decidida a construir até o céu por segurança, não se desanimaram, sendo que começaram a reparar o dano causado pelos deuses. Finalmente completaram a elevada estrutura e se consideravam a salva das inundações”.
A narrativa greco-romana da Gigantomaquia é quase idêntica a essa história. No entanto, deve se admitir objetivamente que o estreito contato dessas culturas muito bem poderia ter transmitido esse mito da Mesopotâmia ao Mediterrâneo através do contagio e a fusão da mesma maneira que se transmitiu das culturas mesopotâmicas as hebraicas. Seja como for esse modo de transmissão não pode explicar os mitos paralelos e as estruturas enigmáticas que se encontram nos recantos mais remotos do globo. Um dos paralelos mais chamativos é a proverbial torre gêmea da Grande Pirâmide de Cholula no México.

A Grande Pirâmide de Cholula
A maior pirâmide conhecida na Terra, em termos de volume, reside no Vale do México. Conhecida como a Grande Pirâmide de Cholula, essa enorme pirâmide está estreitamente associada com a divindade mesoamericana Quetzalcóatl e nas proximidades, igualmente enigmático, sitio de Teotihuacán. Se bem essa estrutura e o zigurate discutido anteriormente não são nem remotamente gêmeos em termos de seu desenho, são assombrosamente gêmeos em termos de suas tradicionais mitologias e funções misteriosas.
Segundo a mitologia asteca (tenha em conta, que os astecas não construíram em absoluto a pirâmide de Cholula ou Teotihuacán, sendo que os consideraram lugares sagrados de peregrinação) os Quinametzin eram uma raça de gigantes que habitaram a região na era anterior do “Sol de chuva”. Tinham doze pés de altura (3,7 metros) e foram eles os responsáveis da construção tanto de Teotihuacán como da Grande Pirâmide de Cholula.
No século XVI d.C., o frei dominicano Diego Durán escreveu um informe que lhe foi transmitido por um sacerdote ancião de Cholula. Esse relato dizia que quando saiu o sol pela primeira vez havia gigantes na Terra e decidiram construir uma torre que os levaria até o sol. A divindade criadora se irritou por isso e convocou aos habitantes do céu para destruir a torre e dispersar a raça de gigantes. (entre eles o principal Xelhua), quem havia sobrevivido a um diluvio cataclismo, chegaram ao vale e tentaram construir uma montanha que evitaria outra catástrofe similar. Os deuses se irritaram por isso e colocaram fogo sobre a pirâmide, matando muitos deles e parado sua construção.
A chave do mistério é a etimologia
Se pode argumentar, e se tem dito, que esses mitos mesoamericanos estavam sujeitos as projeções bíblicas dos frei e missionários que os registraram pela primeira vez, e que essa é a explicação de paralelismos tão marcados. No entanto, essa conveniente evasão não se sustente na corte da realidade, e a razão é a etimologia dos nomes associados com os sítios que existiram muito antes da chegada desses missionários e que são paralelos à narrativa da Torre de Babel.
No capitulo onze, versículos seis do livro do Genesis diz: “E o SENHOR diz: Vejam, o povo é um só, e todos tem uma só língua, e isso começam a fazer: agora nada os impedirá, o que tem imaginada a fazer”. A palavra cholula em si tem sua origem na palavra náhuatl cholollan que significa “lugar de refúgio”. A própria palavra Teotihuacán “Local onde os homens se convertem em deuses”.
No Códice Chimalpopoca há uma narração no que, logo de um período de simplesmente viver na Terra, Quetzalcóatl (a divindade associada com Teotihuacán e Cholula) se intoxica com sua irmã sacerdotisa celibatário, acasala com ela e descuida de suas obrigações sagradas. No dia seguinte, ele e seus súditos ergueram um enorme cofre de pedra. Na história, Quetzalcóatl se deita dentro do cofre, completamente revestido de jade e incendia-se. Suas cinzas e seu corações se elevam aos céus, com o qual se converteu na estrela da manhã.
A narrativa grega da Gigantomaquia afirma que os gigantes tentaram sitiar o Olimpo (traduzido literalmente como céu) empilhando montanhas em cima das montanhas. A etimologia grega para a palavra pirâmide em si é pyr -fire ra –star mid –heart. Essas conexões etimológicas não foram projetadas por ninguém, já que existiram durante milhares de anos antes do contato de qualquer tipo.
Tudo isso significa um misterioso mistério envolto em um enigma. O leitor deverá sacar suas próprias conclusões, mas pode-se afirmar objetivamente uma vez mais que esses vínculos não podem ser o resultado de algum tipo de contagio cultural. Além disso, deve ter em conta que o zigurate e as pirâmides de Teotihuacán e Cholula foram construídos por povos desconhecidos para funções desconhecidas utilizando métodos desconhecidos em algo escuro e distante intervalo da pré-história.
Imagem de primeira página: A mitologia que rodeia a Torre de Babel está relacionada de alguma maneira com a da Grande Pirâmide de Cholula no México? Fonte: breakermaximus / Adobe Stock
Fonte: https://www.ancient-origins.es/lugares-antiguos/gemelos-torre-babel-piramide-cholula-006852
Amigo, a palavra “encima” não exite. O correto é “em cima”
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Vou corrigir a palavra que foi escrita incorretamente e colocar a correta
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